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ESG e os desafios para a sustentabilidade

Natascha Trennepohl

ESG E OS DESAFIOS PARA A SUSTENTABILIDADE

Por Natascha Trennepohl e Laura Bianchini Leite

Sociedade e investidores estão cada vez mais exigentes e engajados nas cobranças por posicionamentos e ações efetivas das empresas nas questões ambientais, sociais e de governança corporativa.

Não é novidade que o equilibrio entre os aspectos econômicos, ambientais e sociais das atividades empresariais faz parte de uma vida sustentável e que empresas que tem ignorado essas questões ou se envolvido em grandes escândalos ambientais acabam tendo suas operações impactadas, inclusive com a perda de investimentos e credibilidade no mercado.

A tríade formada pelos elementos que compõem o termo ESG (Environmental, Social and Governance) vêm crescendo exponencialmente em importância no mundo dos negócios, saindo do vocabulário do setor de investimentos para fazer parte das manchetes dos jornais e do dia-a-dia da população.

O estudo Mind the gap: the continued divide between investors and corporates on ESG realizado pela PwC em 2019 já destacava que investidores querem cada vez mais compreender os riscos e a estratégia da empresa, buscando informações para avaliar, por exemplo, se existem planos para prevenir violação de direitos humanos ou, ainda, se os membros do conselho possuem a diversidade necessária para compreender os diferentes mercados. Espera-se, assim, melhor avaliar quão preparada a empresa está para o futuro e para lidar com potenciais não-conformidades, minimizando autuações e ações judiciais. Essas empresas seriam mais propensas a terem uma performance sustentável de longo prazo e, consequentemente, gerarem maior valor para seus acionistas.

No entanto, ainda existem diversos desafios. A harmoninzação de parâmetros e critérios ESG é um deles. Existem diferentes entendimentos para avaliar as ações de preservação do meio ambiente, os projetos de responsabilidade social e as práticas de governança corporativa. Ainda de acordo com o estudo da PwC, para muitas empresas existem desafios internos e estruturais como por exemplo o fato de que a área de sustentabilidade em muitas empresas está desconectada das discussões de gestão de riscos e planejamento estratégico de longo e médio prazo.

Apesar dos critérios e parâmetros ESG ainda estarem em um estágio inicial no Brasil, algumas medidas de compliance ambiental, bem-estar no trabalho, maior diversidade nos conselhos e metas de redução de emissões de gases de efeito estufa vem se estabelecendo de forma crescente no país.

Alguns dos principais desafios para a implementação destas práticas por parte das empresas é, inicialmente, definir o escopo dos trabalhos que serão realizados, a quem eles visam beneficiar, entender e saber explicar de forma clara aos investidores quais são os riscos e benefícios envolvidos, entre outros.

Para os investidores e consumidores, por outro lado, um grande desafio é conseguir identificar se as condutas das empresas são efetivas ou se apenas aparentam ser ações relacionadas com questões ambientais, sociais e de governança (greenwashing).

O movimento ESG, apesar de apresentar alguns desafios que precisam ser encarados com seriedade, deixou de ser o futuro e hoje faz parte da realidade, sendo um forte elemento na recuperação da economia no período pós-pandemia.

Investir em práticas de ESG e principalmente em ações voltadas para a construção de critérios e parâmetros sérios para que as medidas sejam efetivas e tragam retorno é essencial, gerando não apenas maior valor para acionistas como também resutados importantes para uma sociedade sustentável.


Natascha Trennepohl é sócia do escritório Trennepohl Advogados e Laura Bianchini Leite é aluna da graduação em Direito na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
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Natascha Trennepohl

Natascha Trennepohl

Sócia, Trennepohl Advogados. Possui experiência com temas ambientais e estratégias jurídicas alinhadas aos objetivos dos negócios, assessorando em questões ligadas à contratos de créditos de carbono, ESG, compliance ambiental e gerenciamento de áreas contaminadas. Possui doutorado pela Universidade Humboldt em Berlim (Alemanha) e mestrado pela Universidade Federal de Santa Catarina. Membro da IUCN World Commission on Environmental Law. Publicou recentemente o livro Developing a Carbon Market e participou das obras ESG: O Cisne Verde e o Capitalismo de Stakeholder (2021), Compliance no Direito Ambiental (2020) e Infrações Ambientais (2019).

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