“Ele é o bom, é o bom, é o bom”, será mesmo?

Marcio Douglas

talentos no mercado de energia

O Brasil tem hoje quase 15 milhões de pessoas desocupadas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), número que equivale a toda população de países vizinhos como Bolívia (11,67 milhões), Paraguai (7.133 milhões) e Uruguai (3.474 milhões), por exemplo. O setor de energia encontra-se na contramão desse cenário e as fontes renováveis têm puxado o movimento das contratações e em 2020 tivemos 1,2 milhão de profissionais admitidos no Brasil, de acordo com a Agência Internacional de Energia Renovável (Irena, na sigla em inglês).

A percepção é que os dois segmentos que mais tem demandado são as renováveis acompanhadas de perto pelo mercado livre de energia. Sem dúvida, temos motivos para celebrar! A indústria de recrutamento e seleção corre para atender a intensa necessidade de contratações e isso tem gerado um fenômeno que remete a música “O Bom”, imortalizada na voz de Eduardo Araújo, ícone da Jovem Guarda, que embalou as muitas matinês do ano de 1967, quando a melodia foi lançada.

O refrão: “Ele é bom, é o bom, é bom”, seguido pela estrofe final: “Cabelo na testa, sou o dono da festa, pertenço aos dez mais, se você quiser experimentar, sei que vai gostar”, cabe como uma luva na mão, quando tentamos recrutar tanto jovens quanto maduros talentos para atuar no mercado.

Claro que nesse contexto é esperado que alta demanda diminua a oferta, essa lei do mercado fica escancarada quando se abre um processo seletivo para uma vaga de trader, especialista de preço e risco, gestor de ativos renováveis e até mesmo para cargos de baixa complexidade. Muitos candidatos incorporam trechos da canção de Eduardo Araújo e se acham “bom, bom, bom” e fazem contrapropostas muitas vezes descoladas da realidade. Este tipo de comportamento tem gerado um tempo maior nos processos e exigido flexibilidade das empresas que precisam preencher seus quadros de colaboradores.

As empresas de recrutamento muitas vezes precisam usar o “Terra, chamando” durante as entrevistas e trazer os profissionais para negociações pé no chão mostrando que, apesar do aquecimento na demanda por talentos com expertise no setor energético, existem preceitos e regras que precisam e devem ser seguidas. Seja para evitar frustrações por parte dos contratados, seja para evitar que a empresa venha a brochar (no sentido de perder o tesão). No final, o candidato equilibrado, que entende a demanda do mercado, mas visa o ganho justo ou no longo prazo, conseguirá manter seu status de ser “uma brasa, mora”!

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Marcio Douglas

Especialista em comunicação corporativa e um dos poucos headhunters especializado nos mercados de energia e meio-ambiente do Brasil. O executivo atua há quase 20 anos no setor elétrico em empresas de termoeletricidade e energias renováveis. O seu perfil comunicativo foi aprimorado com experiências prévias no segmento varejistas, tornando-o hábil negociador com alto poder de adaptação à diferentes produtos e mercados, tendo desenvolvido projetos de energia em diversas regiões do país. Essa característica também permitiu múltiplas atuações profissionais com resultados expressivos na comercialização de projetos, gestão de imagem, representação institucional. É um grande motivador de equipes, especialista em clima organizacional e comunicação interna. Desde 2017, atua como headhunter e em 2020 fundou a Energizar Consultoria, empresa dedicada a comunicação e ao recrutamento de profissionais exclusivamente para os mercados de energia e meio-ambiente.

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